Numa altura em que as críticas à arbitragem portuguesa estão no auge e em que o processo «Apito Dourado» acentua a generalização de suspeições e descrédito, um olhar para os dois jogos das meias-finais da Liga dos Campeões deixa a impressão inquietante (ou reconfortante, conforme os pontos de vista) de que não estamos sozinhos.
Um dia depois de Urs Meier, no Mónaco, ter falhado um nada discreto empurrão ao Chelsea rumo à final de Gelsenkirchen, o alemão Markus Merk, no Dragão, também deu um péssimo exemplo de condução de jogo no F.C. Porto-Deportivo da Corunha.
É verdade que, para além da irrepreensível carreira desportiva da equipa, alguns jogadores de Mourinho começam a ter, na Europa, reputação de simuladores. É provável, por isso, que alguns árbitros já tenham como instituído o princípio de que, em caso de dúvida, mais vale considerar que os portistas têm tendência para cair sem falta. Lembrar lances como o de Carlos Alberto no F.C. Porto-Moreirense, ajuda a perceber isso.
Mas fazer como o árbitro alemão que, sob a capa de um critério inicialmente largo, deixou em claro faltas evidentes para, depois, se revelar exageradamente meticuloso na forma como deixou o jogo diluir-se em interrupções, terminando sem referências - como o demonstram a disparatada expulsão de Jorge Andrade e o amarelo a Marco Ferreira, depois de um «penalty» que existiu mesmo - é deixar a porta aberta para todo o tipo de acusações e insinuações. Mesmo que tudo se resuma a uma questão de falta de qualidade, uma Liga dos Campeões tão exaltante como a deste ano bem dispensava isto.