As agressões a árbitros em jogos de futebol e futsal na temporada 2021/22 em Portugal acentuaram-se no último mês. Dos 23 casos registados pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), nove foram contabilizados desde o início de março e os últimos três este fim-de-semana. Treze dos 23 foram em 2022.

Os dados fornecidos ao Maisfutebol pela APAF, esta segunda-feira, mostram uma realidade que se acentuou praticamente no último mês e meio, sobretudo em jogos de futebol do escalão sénior, de campeonatos distritais, com ofensas a árbitros protagonizadas por adeptos ou jogadores. A maioria são agressões, mas há também perseguições, carros vandalizados e até um caso de um petardo que rebentou junto a um balneário.

Os últimos três episódios de violência, já contabilizados pela APAF, foram registados em provas distritais este fim-de-semana: no Perafita-SC Campo da AF Porto, no Oeiras-Oriental da AF Lisboa e no Vila Fria-Adecas, da AF Viana do Castelo.

Antes, o país já tinha corado de vergonha com outros casos no futebol: o da agressão ao árbitro no S. Lourenço Douro-S. Pedro da Cova ou no São Félix da Marinha-Senhora da Hora, que acabou aos 80 minutos por agressão ao árbitro. Mas também no futsal, no Pregança-Salesiana, em que um jogador agrediu um dos árbitros. Outro dos incidentes aconteceu até nas ligas profissionais de futebol, no Estrela-Benfica B da II Liga, em novembro último.

Contudo, estes números respeitam apenas a casos formalizados, isto é, que avançaram com queixas e processos. A realidade pode, por isso, ser bem pior, até porque há árbitros que não avançam para denúncias por medo de ameaças.

«Os 23 casos que nós temos são os que são mais ou menos do conhecimento público e grande parte deles avançou com processos na esfera desportiva e/ou civil. No entanto, é muito possível que existam outros casos que nós não temos conhecimento, ou que não temos conhecimento de forma oficial e fidedigna. Há determinadas situações e dou um exemplo no Alentejo: chegaram-nos relatos de uma ou duas agressões, mas não temos nenhum dado objetivo.»

 

A explicação é dada por Sérgio Mendes, membro da direção da APAF e responsável pelo pelouro do contencioso, sendo que, esta época, já houve episódios registados de Viana do Castelo até Lisboa, passando pela Madeira.

Os números oficiais da APAF de 2021/22 igualam já o somatório de incidentes das duas últimas épocas, nas quais não houve público nos estádios entre março de 2020 e julho de 2021. Os atuais números estão ainda um pouco longe dos pré-pandemia e a APAF espera que lá não cheguem, quando faltam cerca de três meses para o fim da temporada.

«O ideal seria ficarmos por aqui, mas infelizmente acredito que possamos andar por números muito próximos», lamenta Sérgio Mendes.

Ao Maisfutebol, o presidente da APAF, Luciano Gonçalves, salientou por outro lado a necessidade de regressar ao policiamento obrigatório e defendeu que os agressores devem ser irradiados do futebol.

A evolução das ocorrências com árbitros:

*Dados compilados pela APAF fornecidos ao Maisfutebol desde a época 2016/2017.