João Loureiro entende que as suspeitas de corrupção que recaem sobre o jogo Boavista-E. Amadora, de 2003, só vão dar em julgamento devido ao mediatismo do caso. O ex-presidente do Boavista classifica mesmo esta acusação como um «atestado de bom comportamento».
«Se isto é o mais grave que cometi enquanto dirigente desportivo, durante o ano e meio em que fui investigado, então é um atestado de bom comportamento para mim», referiu João Loureiro, citado pela Agência Lusa.
Em causa está uma chamada telefónica em que é prometida estadia a um familiar do árbitro Jacinto Paixão, mas o antigo dirigente «axadrezado» entende que esse episódio não justifica a acusação. «Falam de uma conversa inócua que ficou por ali, não teve sequência. A própria acusação reconhece que não passou daquele dia, daquele momento. Nem chegou ao conhecimento do árbitro. Toda a gente sabe tantas coisas (situações de corrupção) neste país que envolve tantos milhões de euros e interesses e estamos a falar de uma coisa destas?», questionou.
João Loureiro é da opinião que o mediatismo que envolve o processo «Apito Dourado» motivou a decisão da juíza: «É possível que se não houvesse tanto ruído colateral, porventura a decisão não seria esta. O debate instrutório foi claro, incisivo. Nenhuma voz a discordar. Parece-me que isto teve de ficar de pé, senão era muito grave depois de tanta notícia, especulação e fugas ao segredo de justiça, crimes que jamais foram investigados.»
O advogado compara mesmo o seu caso com a decisão do caso de Carolina Salgado e da agressão a Ricardo Bexiga. «Tenho muito respeito pelos tribunais e instâncias jurisdicionais, mas não posso deixar de questionar como é possível que num mesmo processo global (Apito Dourado) num caso conhecido da opinião pública uma pessoa que confessa um crime não ir a julgamento e ver o caso arquivado? E noutra, em que não há factos, apenas suposições, e um debate instrutório elucidativo, na dúvida ir para julgamento?», referiu.
O ex-dirigente entende mesmo que os factos associados à partida explicam que não há motivos para qualquer acusação. «O Boavista perdeu em casa com o último classificado, que já estava condenado à descida. Não houve casos no jogo. Punha-se a hipótese de ter sido beneficiado o árbitro, mas no final da época até desceu de categoria», sustentou.