André Leão saltou para a atualidade desportiva deste sábado depois de Paulo Fonseca, o seu treinador no Paços de Ferreira, ter dito que é «o melhor português a jogar na posição 6». Aos 27 anos, o médio vai construindo uma carreira sólida mas, quase sempre, longe de voos altos que Fonseca agora reivindica. Poderá André Leão ser uma opção, por exemplo, para a seleção nacional?

O Maisfutebol falou com Luís Miguel, que o treinou em Paços de Ferreira na temporada passada. O atual treinador do Santa Clara sabe que André Leão não é o melhor trinco da Liga, mas admite que, quando a peneira aponta apenas aos portugueses, não vê muito melhor.

«Tem muita qualidade e um carácter enorme. Em jogo destaca-se pela boa leitura dos lances e pela presença. Está constantemente a ler o jogo e atento ao companheiro que joga com ele naquele esquema de duplo pivot. É bom no passe curto, no passe longo e no jogo área. É bastante completo. Por isso a afirmação faz algum sentido. Não há muitos portugueses assim», afirma Luís Migual.

O retrato está traçado. André Leão, um jogador que por vezes perde «por não falar mais» está a atingir a idade limite para saltar para um patamar superior. «Muitas vezes fazem-se os contratos de uma vida aos 30, mas julgo que ele está na idade certa. Está no ponto», diz Luís Miguel.

Do alto do seu 1,85 m, André Leão parece uma espécie em vias de extinção quando se analisa o futebolista português. Basta ver, aliás, o meio campo da seleção nacional, onde João Moutinho, Raul Meireles, Miguel Veloso, Ruben Micael ou o próprio Manuel Fernandes não são conhecidos por ser altos.

Haverá espaço para um médio do Paços de Ferreira? «Quando se está num dos grandes e mesmo no Sp. Braga é mais fácil, logicamente. Mas o selecionador vê os jogos dos clubes pequenos e não terá problema em chamar o André, se precisar», diz Luís Miguel. Paulo Fonseca frisou na sua intervenção que não queria «pressionar» Paulo Bento, mas destacou «que não vê ninguém no futebol português com as qualidades de André Leão».

Luís Miguel é mais cauteloso. «Não se pode dizer, pelo contrário, que a seleção não tem qualidade naquele posto. Há Moutinho, Meireles, Veloso, Manuel Fernandes...O André talvez precise provar o seu valor num clube que lute por um título ou até pela Europa», explicou.

Se lá chegar, Luís Miguel não tem dúvidas: vai agarrar a oportunidade. «Ele merece e vai trabalhar e lutar para jogar. É o tipo de jogador que todo o treinador gosta, porque nunca o deixa ficar mal», descreveu.

Formado no Freamunde, André Leão é descrito por Luís Miguel como um homem «educado e ponderado». «Cuida-se bem, é um jogador regrado e ainda tem muito para dar ao futebol. É preciso que que apostem no jogador português», destaca.

Quando o Leão teve de ser Dragão

Uma das passagens mais curiosas da carreira de André Leão aconteceu quando o médio passou pela equipa B do F.C. Porto, em 2005. Ora, ter um «Leão» na equipa não agradou no seio do conjunto azul e branco. E André...mudou de nome. Passou a ser André Dragão.

«Foi uma alcunha que me puseram no clube, que respeitei e levei sempre na desportiva. É uma situação que também revela a forma como se trabalha no F.C. Porto. É uma equipa com raça, o caráter, a vontade de querer ganhar e, principalmente, organização», explicou, em tempos, o jogador.

André Leão teve direito ao seu nome quando foi emprestado ao Beira-Mar, no ano seguinte, antes da única aventura no estrangeiro do curriculum. Passou três anos no Cluj, da Roménia, onde viveu as emoções da Liga dos Campeões. Voltou a Portugal em 2010 e assentou arraiais em Paços de Ferreira. Palco pequeno de mais para o seu talento?