Na recta final da qualificação para o Euro2012, o
Maisfutebol acompanhou todas as movimentações de Cristiano Ronaldo no duelo entre Portugal e a Islândia.
A análise pretendia comprovar a ideia: com Paulo Bento, o sector intermediário e Nani ganharam protagonismo, evitando a dependência de Ronaldo.
Acabaram-se as corridas loucas em meio-campo, com quatro adversários pelo caminho, via única para a área contrária, uma nação a apoiar-se nos pés de um homem. Portugal libertou-se. Em boa altura.
Ronaldo continua a ser alvo de um cerco dos adversários. No Dragão, irritou-se pela falta de golo. Festejou os outros à espera do seu. Não foi preciso. As limitações físicas de CR7 fizeram-se, igualmente, notar.
Ronaldo entrou mal. Vinha com as chuteiras florescentes, berrantes. Duraram pouco. Precisou de quatro minutos para tocar na bola pela primeira vez. Perda de bola.
Quando a Islândia assusta, numa série de cantos, vai à área impor a voz de capitão. Intercepta um remate, sai para o ataque.
A cor berrante não encaixava bem
Mais uma perda de bola. Não corre bem. Nani marca. Faz sinal para o banco. As chuteiras, afinal, não serve. Vai-se o amarelo berrante. Já de laranja, arrisca o primeiro remate, enrolado, desviado, ligeiramente ao lado.
Portugal faz o 2-0. Não passou por ele.
Varia o comportamento. Tanto não arrisca e devolve de primeira como ganha espaço e arranca. À Ronaldo. Menos que o habitual.
Aos 26, encara Saeverson, finta para dentro e remata para defesa brilhante de Magnusson. Era o seu momento.
CR7 cresce a partir daí. Chuta para as nuvens, depois roda na área sobre um adversário, a bola vai para a linha e ele segue-a em velocidade.
Quer jogar, quer marcar. Moutinho ajuda-o. Lança-o sem oposição na esquerda, em cima do intervalo. Ele espera, espera, chama Postiga, o adversário recupera quando Ronaldo tenta a finta para dentro. Canto.
Ronaldo reclama com Postiga. Segundos depois, Postiga marca. Vai abraçá-lo. Tudo sanado.
Antes do intervalo, ainda tenta um remate de calcanhar. Não sai. Está irritado, pára o jogo e tira a braçadeira rapidamente. Quer mais de si. A selecção, felizmente, não está a precisar.
Os ensaios e os sinais
Volta melhor no reatamento. Recebe na meia esquerda, olha para a baliza e arranca. À entrada da área, a bomba. Bola na trave! Levanta os braços, dizendo mal da sorte.
Pouco depois, outro ensaio. Acerta num islandês. Não é a sua noite.
Tabela com Carlos Martins e remata. Canto. Pede a bola e cabeceia ao segundo poste. Corte. Agora é Postiga a servir de tabela. Remate fraco, ao lado. Arrisca demais.
A Islândia reduz para 3-2. O jogo recomeça, pega no esférico e corre pelo flanco esquerdo, a uma velocidade vertiginosa, para conquistar um canto. É um sinal para a equipa. Temos de subir!
Portugal ouve o seu capitão e responde positivamente. Sem a sua intervenção directa. Eliseu corre, Eliseu assiste, Moutinho marca. Mais um pouco e Eliseu de novo, em arco, a confirmar o triunfo.
A selecção está perto do Euro2012, contornou a dependência de Ronaldo e este agradece. Nem tudo lhe corre bem. Como esta noite. É mais um. O capitão. Humano, como todos. Convém não abusar. Uns e outros.
Sérgio Pereira
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