A Naval continua muito melhor dentro de campo do que fora dele. Depois de perder 12 pontos por ordem da FIFA, a juntar aos quatro meses de salário em atraso que levaram inclusive a um dia de greve aos treinos, os jogadores revelam-se indomáveis nas quatro linhas. Esta quarta-feira, nova vitória, sobre o Marítimo B, com direito a virada no resultado.

«Penso que é mais uma demonstração de quem tem capacidade de treinar e da competência destes profissionais. Não é fácil conseguir isto depois do que aconteceu nos dias anteriores e perante uma equipa com bons jogadores. Já vamos para a segunda competição. Primeiro pediram-me para tirar a equipa do buraco e agora estamos a lutar novamente para nos salvar», referiu, no final do jogo, Álvaro Magalhães.

«Este grupo e outras pessoas que nos acompanham diariamente merecem todos os aplausos. Tudo isto revela que no futebol há grandes injustiças, por tudo o que tenho feito penso que merecia que houvesse justiça, mas nem sempre é assim», prosseguiu, prometendo não atirar a toalha ao chão, pese todos os problemas.

«Era mais fácil fazer como outros fazem, que pegam nas malas e vão embora à mínima dificuldade. Vou com este grupo até ao fim, vou lutar com ele, vou trabalhá-lo para demonstrar que a justiça um dia há de chegar», prometeu.

«Quem é sério no trabalho merece felicidade. Vamos lutar dia a dia para que esta instituição fique pelo menos na II Liga e esperar que surjam novidades positivas, porque todos temos família», prosseguiu, sem encontrar paralelo na sua carreira para uma situação como esta:

«É a primeira vez. Nem em África? Bem, lá fui campeão, tinha todas as condições. Muito boas condições, aliás. Desportivamente e financeiramente, não me posso queixar.»

A Naval tem quatro meses de salários em atraso, os jogadores já foram ajudados pelo Sindicato através do fundo de solidariedade, e chegaram a emitir um pré-aviso de greve que foi posteriormente retirado para não prejudicar as negociações com um investidor chinês. Ainda assim, os ordenados continuaram por pagar.

Na segunda-feira, o plantel recusou-se a treinar, mas voltou a fazê-lo no dia seguinte, numa nova medida de força na tentativa de desbloquear a situação. O problema, todavia, continua longe de estar resolvido.