Autor: Tim Jurgens*

Foi durante o Mundial de 2006 que as pessoas em redor do globo começaram a ver a Alemanha sob uma nova luz. O sol brilhou durante semanas, a população estava em festa e a seleção jogou de forma maravilhosa mas, em última análise, sem sucesso (se o leitor considerar que o terceiro lugar num Mundial em casa é pouco).



Em suma, os alemães, o seu clima e os seus jogadores comportaram-se de forma completamente oposta à ideia que se tem deles. E nada encaixou melhor nesse sonho de Verão que a dupla eternamente sorridente, «Schweini e Poldi», com o seu charme de juventude.

Nesta fase em que a Alemanha se apresenta como uma das favoritas no Euro2012, todos esperam que Schweinsteiger e Podolski, agora com 27 anos, voltem a marcar presença. Porém, os seus papéis e a sua influência no grupo mudaram demasiado, de diversas formas.

Enquanto Schweinsteiger é o indiscutível maestro no meio-campo, Podolski tem um papel de segunda linha e a forte concorrência de André Schurrle. Para se perceber estas mudanças, é preciso recordar como Schweinsteiger and Podolski evoluíram nos últimos anos.

Ver Podolski a treinar é perceber que tipo de pessoa ele é. Ele adora aquilo. Não há motivos para rir no Colónia mas Podoski é alguém que tem um comportamento alegre, mesmo em situações difíceis. Gosta de pular em torno dos colegas de equipa. Brinca com eles, faz um passe difícil e ri-se se alguém sente dificuldades em dominar a bola.

O sorriso insolente. O polegar para cima. O eterno malandro de novo. O seu jogo veloz e dinâmico, os ombros puxados para trás, os braços levantados. Poldi a cem por cento!



Como o príncipe radiante do sonho de verão, nada parecia travar Podolski. Após o Mundial de 2006, o melhor jogador jovem do torneio mudou-se do clube de infância (Colônia) para o Bayern de Munique.

No entanto, a facilidade sem esforço dos seus primeiros anos como professional não o seguiu até Munique. Um pormenor: ele morava na pacata aldeia de Hechendorf am Pilsensee, longe da cidade. «Ao fazer isso, Lukas nunca percebeu realmente a mentalidade de Munique», chegou a dizer Schweini.

Em 2009, Podolski regressou ao doce lar, o Colónia. Sem surpresa, caiu na hierarquia da seleção nacional.

A vida também não foi fácil para Bastian Schweinsteiger. A imagem de diversão, que tinha permitido a ele e Podolski conseguirem popularidade a uma velocidade vertiginosa, passou a ser uma maldição. Era a imagem de um futebolista que não queria crescer.

Em 2009, na mesma altura em que Podolski voltou a casa e aceitou o seu destino como principe de Colónia, Schweinsteiger decidiu baixar no terreno para se tornar o successor natural de Ballack.

Schweinsteiger tinha surgido no flanco e, como um homem aprisionado numa ilha distante, cada novo treinador do Bayern negligenciou o seu talento. Quando Van Gaal desenhou uma pequena seta no seu quadro tático, a carreira de Schweinsteiger deu um gigantesco passo em frente.

Assim, e ao contrário de Podolski, Schweinsteiger abdicou da imagem de sempre e está agora no círculo de jogadores mais influentes, no Bayern e na seleção nacional.

Ele foi um dos jogadores a contestar uma receção pública em Berlim depois do Mundial de 2010. Schweinsteiger não queria ver a Alemanha a comemorar algo que ele não considerava digno: terminar em terceiro.

«Fiquei em terceiro no Mundial, portanto não estou assim tão eufórico. Não quero vencer 20 dobradinhas pelo Bayern e retirar-me sem ter conquistado um troféu de topo com a Alemanha. Simplemente, não quero isso.»

* Tim Jurgens é jornalista da

11freunde.de. Este artigo está integrado na Euro2012 Network, uma cooperação entre alguns dos melhores meios jornalísticos dos 16 países participantes na competição.