Paulo Sérgio, treinador do Sporting, depois do empate diante do Nacional (1-1), no Estádio de Alvalade, em jogo da 6ª jornada da Liga:

[O Sporting esteve a ganhar, como justifica este empate?]

«Justifica-se fazendo um retrato do que foi o jogo. Uma grande falta de eficácia dentro daquilo que é materializar em golo o nosso futebol ofensivo e depois uma asneira psicológica. Mudámos a forma de jogar quando nada o fazia prever. Tínhamos oportunidade para atacar e resolvemos ficar com a bola e não estávamos a fazer o que tínhamos combinado fazer. Depois falta um pouco de estrela a esta equipa. Se formos justos, o Rui Patrício não o faz uma defesa o jogo inteiro e num lance absurdo acabámos por sofrer o empate».

[Já está a dez pontos do F.C. Porto, entende a insatisfação dos adeptos?]

«Certamente que muitos adeptos não estão satisfeitos comigo. Sem dúvida que há muita gente que não está satisfeita, eu também não estou».

[Porque é que Liedson saiu ao intervalo? Como é que ele acatou essa decisão?]

«Se calhar gostavam que houvesse um caso, mas não. Foi uma opção técnica minha, ele acatou com todo o respeito. É um grande profissional. Foi uma opção minha, resolvi optar pela entrada do Saleiro».

[Mas o Liedson não está a atravessar um bom momento ou foi a conjuntura do momento?]

«Entendi desta forma e portanto não me arrependo da decisão que tomei».

[Mas o que se passa com Liedson?]

O Liedson não atravessa o melhor momento. Irá trabalhar e regressar com outro fulgor. Teve um curto período de férias, entrou a competir desde cedo. O Liedson vive de golos, acredito que quando fizer um golo essa alegria irá voltar».

[A dez pontos do líder a luta pelo título está comprometida em definitivo?]

«Não comprometeu em definitivo, mas não temos de esconder a tristeza que nos invade com este facto. Não podemos esconder a cabeça debaixo da areia. Temos de valorizar o que temos feito de bom e corrigir o que temos feito mal. A equipa corre riscos ao longo dos noventa minutos, está melhor nas transições, mas neste momento é o segundo golo que sofre de bola parada, Resolvemos um problema, mas estamos a destapar outro. A equipa é jovem, pratica bom futebol, cria muitas oportunidades de golo e acabarão por ser mais felizes. Esses dez pontos não nos agradam, sabemos que toda a gente vai perder pontos neste campeonato, mas a nossa margem de erro é mínima. Não podemos continuar a perder pontos desta maneira».

[Tinha dito que a derrota diante do Benfica não tinha sido fácil de digerir. Pensa que o facto do Benfica ter passado para a frente pode abalar ainda mais a equipa?]

«Não nesse aspecto. A vitória do Benfica foi difícil de digerir porque ficámos muito aquém do tipo de jogo que podemos praticar. Na Luz ficámos muito longe do que podemos fazer em termos de qualidade de jogo. Daí ter sido mais difícil de digerir».

[Ouviu os assobios no final? Pensa que foram dirigidos a si?]

«São, quero-os todos para mim. Quero que apoiem os atletas, eu assumo a responsabilidade dos maus resultados. E digo mais. Provavelmente são merecidos. Mas ninguém mais do que eu lhes quer dar vitórias. Trabalhamos com grande profissionalismo e entendo a frustração. Ao longo do jogo foram muitos os momentos em que a equipa se sentiu apoiada pelos adeptos».

[Depois do mais difícil, que era chegar ao golo, a equipa perdeu a vantagem. Foi por falta de maturidade?]

«A questão de falta de maturidade tem alguma razão. Mas essa maturidade vem com os jogos e com a competição. Atribuiria a falta de maturidade àquele período em que a equipa mudou a forma de jogar. Foi isso que me desagradou no jogo. Há um erro, porque há uma saída lenta de trás, mas formalmente a falta de maturidade revela-se nesse aspecto. Ao mudarmos a ambição na partida quase que convidamos o Nacional a experimentar».