Pela primeira vez em 23 anos de história, a claque da Académica, a Mancha Negra, vai faltar a um jogo do clube de Coimbra. A decisão, radical, surge depois de um início de época marcado por divergências entre a falange de apoio dos estudantes e a actual direcção do clube, que já haviam levado a uma acção de protesto no último encontro da equipa, na Reboleira.
Nessa partida, foi exibida uma tarja com a mensagem: «Podem tirar-nos tudo, menos o amor à Briosa.» Os membros da claque, apesar de terem feito a viagem em nome individual, acabaram por se reunir e entoar cânticos de apoio, mas, no próximo domingo, frente ao V. Setúbal, prometem ir mais longe e comparecer, quando muito, como simples sócios e adeptos da Académica.
«É um facto que a Mancha não irá comparecer no próximo jogo», garante João Paulo Fernandes, responsável pela organização, que estima uma baixa de apoiantes na ordem das 300 pessoas. «Todos são livres de comprar o seu bilhete e assistir à partida, mas não enquanto grupo organizado de apoio à equipa», salvaguarda.
A «auto-suspensão temporária de actividades», como refere a claque num comunicado publicado no seu site oficial, resulta do facto de «não estarem reunidas condições» para o seu normal funcionamento, mas o responsável da Mancha não quis alongar-se sobre o tema, remetendo posteriores esclarecimentos para a reunião de sócios e simpatizantes marcada para dia 24 de Setembro. «Só posso dizer que há certas decisões que foram tomadas em Assembleia Geral mas esta Direcção, pelos vistos, quer mudá-las», aflorou João Paulo Fernandes.
De acordo com aquilo que o Maisfutebol apurou, em causa estarão as condições de acesso aos jogos da claque, até agora cumpridas através de um acordo entre as partes, que terá sido alvo de uma reformulação com a qual os responsáveis da Mancha não concordam.
João Paulo Fernandes lamenta esta situação e, em jeito de desabafo, deixa um recado para a direcção do clube: «Pode ser que assim as pessoas percebam a necessidade de ter um grupo de apoio à Académica. Não deixa de ser irónico que isto aconteça logo no ano em que nos constituímos como associação, passámos a ter número de contribuinte e personalidade jurídica.»