Abel Xavier, acompanhado pelos dois adjuntos, Daniel Castro e Rui Paiva, deu, ao final desta tarde, uma conferência de imprensa, para explicar a sua saída do cargo de treinador do clube algarvio, tendo já sido substituído por Paulo Alves, apresentado poucas horas antes.

«Fui desrespeitado nas minhas funções. Um grupo de italianos entra nas instalações e depois mesmo vem um treinador (Calori) a confirmar uma oferta..., é lógico que o treinador que está em funções, fica pressionado a tomar decisões», contou Abel Xavier, que sentia-se cada vez mais só, no clube.

«Se sinto movimentações... também pessoas que se afastam por alguma razão, depreendo que tem a ver com rumores de outros treinadores. Tentei blindar e bloquear isso, para não chegar aos jogadores. Mas já estava a sentir-me mal na situação», confessou. A nega dada pela administração da SAD para o preenchimento do cargo que estava vago com a saída do adjunto Porfírio Amorim, também foi outro sinal. «Tinha um elemento identificado há mais de duas semanas, e foi-me negada essa mesma entrada», revelou.

Face ao exposto, Abel Xavier confessa que não lhe restava outra solução, senão...demitir-se. «Devo esclarecer, que quem se demitiu e quem saiu, fui eu. Que isto fique bastante claro. Entendo a motivação que no futebol português quem não tem resultados, a figura do treinador é descaraterizada. Ontem, em reunião, decidi sair, apresentei o pedido de demissão à SAD, ao presidente Isidoro Sousa, porque achei que não estavam reunidas condições para o exercício pleno de funções. Pedi que os meus salários fossem justamente retificados, e o remanescente desse entrada para pagar os salários em atraso dos funcionários que honestamente trabalham no clube».

«Da minha parte, e com os resultados conseguidos com os meus jogadores, com trabalho árduo os objetivos, continuam intactos. Se alguém puder justificar que fui despedido face aos resultados atuais... Ainda temos aspirações na Taça de Portugal, na Taça da Liga espero uma vitória, amanhã com o Covilhã, e na Liga penso que temos o registo da segunda melhor entrada de sempre. Se a estrutura entende que o projeto Olhanense tem por objetivo a Liga Europa, não posso ser o treinador, nem posso pactuar com determinadas situações internas.», acrescentou.

«Quero enaltecer os meus jogadores. Tive 40 jogadores em observação. O meu plantel tem 20 jogadores, quatro renovações de jogadores emblemáticos, como são o Luís Filipe, o grande capitão que é o Rui Duarte, e o Ricardo, e montei uma equipa competitiva. Com uma logística complicada, entre viagens e dificuldades financeiras, onde um treinador fica privado de poder jogar em casa, que agrava mais o afeto e apoio que precisam, é uma gestão que dá dificuldades às funções do treinador. Saio como entrei, de cabeça levantada, em relação aos resultados. Desejo aos meus jogadores e à nova equipa técnica, o melhor, em função dos objetivos. A SAD é constituída em relação bicéfala e enganosa, e isso deve ser totalmente esclarecido, para que os adeptos do Olhanense possam perceber as decisões tomadas, e que prejudicam a equipa. Agradeço aos adeptos. Sempre tive o seu apoio, embora perceba a sua sensibilidade, de não poder deslocar-se, e tudo o que representa a perda do espaço próprio», continuou.

O olhanense, no comunicado que anunciou a saída de Abel Xavier, revela que a decisão já estava tomada antes dos últimos jogos. «Se a decisão já estava tomada há muito tempo gostava de perceber as razões. Desconheço essa situação, embora me tivesse apercebido de movimentações, com ofertas a treinadores italianos, em clara falta de ética. Até porque, os resultados estavam dentro dos objetivos traçados inicialmente. Deparei-me com o afastamento de membros da SAD, e na incorporação do elemento da equipa técnica, foi-me negado», insistiu Abel Xavier.