Este texto é sobre várias coisas, todas relacionadas com a Liga dos campeões. Vamos despachar as menos importantes primeiro.
Cristiano Ronaldo marcou o golo 30 da temporada e como previsto o Manchester United seguiu para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. É uma das oito melhores equipa da Europa. Mas isso já nós sabíamos.
O Arsenal derrubou o campeão europeu em Milão. O treinador Wenger que-monta-equipas-que-gostam-de-futebol merece esta noite inesquecível. O Wenger que diz coisas de que se arrepende dez minutos depois nem por isso. Fiquemos com o primeiro.
Apesar da derrota, é obviamente cedo para «enterrar» o Milan. Será sempre cedo, não é? As grandes equipas, sobretudo essas, têm direito a um dia mau. As excepcionais podem tirar uma semana que a gente continua a admirá-las.
O Barcelona também ganhou. Bom para Deco.
E agora coisas realmente importantes. Zico apurou o Fenerbahçe para os quartos-de-final. Em 1982 eu era o único da minha rua que estava pela Itália, no melhor Mundial de sempre (pelo menos do ponto de vista de um miúdo de 14 anos). Provavelmente por causa disso guardo desde esse tempo uma coisa mal resolvida dentro de mim e fico feliz sempre que algum daqueles brasileiros ganha qualquer coisa. Nem que seja uma partida de cartas, um campeonato no Japão ou um amigável no Maracanã. Por isso é bom ter Zico entre os maiores da Europa. E é também um aviso para Portugal, que enfrentará estes e outros turcos no Euro 2008.
Este texto é, fialmente, sobre Volkan Demirel, o guarda-redes do Fenerbahçe. Aos 7 minutos o Sevilha ganhava por 2-0 e era quase tudo por causa deste tipo de 26 anos e ar ligeiramente perdido. Temia-se o pior. O jogo mudou de rumo e encaminhou-se para as grandes penalidades. Adivinharam. Demirel, o turco dos dois quase-quase «frangos», defendeu três vezes. E saiu em ombros.
Se algum dia a sua vida, caro leitor, ficar suficientemente desinteressante, experimente investigar o número de defesas que fazem autogolos e no mesmo jogo marcam pela sua equipa. Vai ficar admirado com a frequência (isto sou eu a armar-me, nunca estive desesperado ao ponto de comprovar a teoria). Por um qualquer lapso nas regras, aos guarda-redes poucas vezes se permite um ajuste de contas com a hora, assim heróico. Demirel teve muita sorte. E mereceu-a.