O jogador ganha balanço para marcar a grande penalidade. Dá alguns passos, quase pára ao chegar à bola e pica-a por cima do guarda-redes. O esférico sobe, muito lento, dando até a impressão que dá tempo para apanhá-lo, mas desce para o fundo das redes mesmo no meio da baliza. Eis o penalty «à Panenka», considerado por muitos como o melhor estilo de marcação de grandes penalidades do mundo.
Mas quem é, afinal, Panenka? Viajemos então até à final do Europeu de 1976 na Jugoslávia. Checoslováquia e República Federal Alemã empatam 2-2 no tempo regulamentar e a decisão fica adiada para a lotaria dos penalties. Os primeiros quatro marcadores de cada equipa não perdoam, mas o alemão Honess falha. Antonín Panenka olha para o gigante Sepp Maier e faz a «brincadeira» acima descrita. Loucura para uns, genialidade para outros.
Assim ficou para a história o até aí desconhecido jogador do Bohemians. Assim tentaram fazer vários jogadores ao longo dos tempos. Hélder Postiga conseguiu. Os portugueses devem lembrar-se bem do penalty nos quartos-de-final do Euro 2004 contra a Inglaterra. Era o momento decisivo: se o avançado falhasse, Portugal era afastado da prova. Mas, com uma execução perfeita, Postiga entra para a história dos mais corajosos. Djalminha, Zidane, Henry, Ronaldinho, Pirlo, Kezman e Milevsky acompanham-no nessa lista.
E quando corre mal?
Também não são poucos os jogadores que falharam um penalty «à Panenka» em momentos decisivos. Halilhodzic, ex-jogador de futebol jugoslavo, gostava de imitar o checoslovaco. Até que, numa partida de 1985 que daria o título ao Nantes - clube que representava na altura -, a bola não desceu como era suposto. Aasmund Bjørkan, jogador norueguês ainda fez pior. Em vez de um penalty «à Panenka», fez um passe ao guardião adversário.
Os nomes são pouco conhecidos, mas falemos então de um famoso italiano. Meia-final do Europeu de 2000, Itália e Holanda vão a penalties e Totti esfola Van der Sar mesmo «à Panenka». Tudo estaria bem até aqui, não fosse o facto da grande estrela da Roma ter falhado a «brincadeira» alguns anos depois. Claro que o facto de se tratar de Francesco Totti ajudou muito a que esse azar tenha sido esquecido rapidamente, mas o certo é que o internacional italiano não voltou a tentar. Jaime não teve a sorte de Totti, é verdade. Mas há certos luxos que só são permitidos aos génios.
O penalty à Panenka, por Panenka:

O penalty à Panenka, por Postiga:

O penalty quase à Panenka, por Aasmund Bjørkan:

O penalty quase à Panenka, por Totti: