Maisfutebol passou 90 minutos a tentar ver Lucho González no Naval-F.C. Porto. Sim, tentar porque não foi fácil descobrir o jogador argentino que tem marcado o futebol do campeão nacional das últimas épocas.
Aliás, fala-se muito dos novos jogadores do F.C. Porto, mas na Figueira da Foz como em outras noites têm faltado sobretudo os da casa. Lucho é um deles.
Na realidade, Lucho teve apenas um momento de classe. Aconteceu aos 23 minutos, quando um grande passe da esquerda descobriu o amigo Lisandro na área. O avançado isolou-se e à saída do guarda-redes rematou. Provavelmente, a época passada seria golo. Nesta só deu canto.
Até ali, o jogo de Lucho tinha sido linear. Toque curtos, passes sem risco. Aliás, a estratégia do F.C. Porto na primeira parte era essa, privilegiar a posse de bola, atacar sem grande ousadia e sem desequilibrar a equipa. E nisso Lucho participou sem brilho, mas com competência.
Dois minutos antes do tal lance, Lucho rematou à baliza da Naval, acto isolado no jogo. Depois apareceu o momento em que ofereceu o golo a Lisandro. Em seguida jogou de calcanhar na área da Naval, sem resultados. Aos 25 minutos mau passe para Lisandro. Aos 26 passe perdido para Rodríguez. Um corte de cabeça aos 29, perda de bola aos 33. Mais duas perdas de bola antes do final da primeira parte.
Pior com o tempo
Apesar de ter estado longe do brilhantismo de outros tempos, Lucho esteve sempre presente no primeiro tempo, com perto de 30 acções com bola.
O segundo tempo, já com Hulk em campo, obrigou a reajustamentos na equipa. Lucho baixou um pouco no terreno e isso retirou-lhe o pouco peso que tinha significado antes do intervalo. Entre os 46 e os 60 minutos só fez isto: lançamento de linha lateral, duas perdas de bola, um passe para Tarik. Faz um lançamento lateral aos 62, uma má tabela com Lisandro. Toque curto. Perda de bola. Toque para Tarik. Perda de bola. Passe atrasado. Passe para Lisandro.
Chegámos aos últimos 20 minutos. O F.C. Porto trocou outra vez de sistema, para um último fôlego. A equipa precisaria do melhor Lucho, mas o argentino só tocou oito vezes na bola até ao final do jogo. Passe para Raul Meireles. Perda de bola. Toque para Lisandro. Marca um canto. Passe para Lisandro. Toque para Hulk. Perda de bola. Toque de cabeça a meio-campo. Fim.
Claro que o retrato da exibição de um futebolista é feito com outros dados, não apenas a partir das acções com bola. Mas de Lucho tem de exigir-se muito mais do que se viu na Figueira da Foz.
A análise das acções de Lucho González com bola foi feita através das imagens da transmissão o Naval-F.C. Porto, da SportTV