É provável que, em poucos dias, os adeptos portugueses vejam as duas faces de Danny. Primeiro tivemos o lado menos favorável. Aquele que mal vemos, ou que nem aparece de todo. Aquele não impressiona. Esta semana teremos, provavelmente, o lado mais alegre, o mais confiante. O melhor lado. Primeira a Seleção, agora o Zenit.

Danny é a estrela da equipa russa, que visita o Estádio do Dragão nesta terça-feira. Mesmo partilhando o balneário com Hulk, ou mesmo Arshavin, um histórico do clube. O português é o melhor marcador da equipa, com doze golos, e rei das assistências, com oito, o que quer dizer que participou diretamente em quase metade dos golos da equipa (47 no total).

Esta influência não vem de agora. É assim desde que foi contratado, em 2008, por 30 milhões de euros. Danny é uma estrela na Rússia, mas na Seleção nunca saiu da sombra. Uma sombra chamada Cristiano Ronaldo.

O grande problema do Danny é jogar na mesma posição que o capitão da equipa das quinas. Pouco têm a ver na forma de jogar, mas jogam na mesma posição. Aí está a génese do problema: Danny não pode, por isso, fazer na Seleção o mesmo que faz no Zenit.

Ao serviço da equipa russa parte do flanco esquerdo mas com grande liberdade de movimentos, aparecendo muitas vezes na «posição 10», ou até no flanco oposto. Está inserido numa frente de ataque muito móvel, e na qual se sente muito confortável. Um contexto que não tem na Seleção. Desde logo pela impossibilidade de jogar no mesmo lugar (mudar Ronaldo é questão que nem se coloca), mas também pelo estilo diferente na equipa das quinas, onde a troca de posições é bem menos frequente.

A alternativa passou, em diversas ocasiões, por colocar Danny noutra posição. Algumas vezes no flanco direito, nomeadamente na ausência de Nani, mas a movimentação para espaços interiores não funcionou da mesma forma. Também foi «10», uma posição carenciada na Seleção, mas igualmente sem grande sucesso. Danny não é um jogador para pegar no jogo, para marcar o ritmo. É um jogador de uma velocidade só, para encarar a defesa contrária em velocidade, para desequilibrar em condução, e não tanto no passe.

Talvez Danny tenha justificado, em alguns momentos, uma aposta mais sólida de Carlos Queiroz ou Paulo Bento. Foi internacional em 26 ocasiões, 12 como titular, e marcou quatro golos. Mas a verdade é que essas exibições acabaram por dar razão aos selecionadores: Danny nunca conquistou um lugar ao sol. Olhando para o bilhete de identidade começa a ser difícil acreditar que esse dia chegará, mesmo refutando por completo a tese de que um jogador de 30 anos é velho. Mas parece que Danny não vai conseguir a afirmação nacional. E é pena, pois o talento está lá e fazia falta à equipa das quinas. E é provável que volte a comprová-lo no Dragão.

P.S. (para seguir): Autor de três golos na primeira jornada do Mundial de sub-17 (na 2ª jornada ficou em branco), Mosquito merece ser acompanhado com muita atenção, até pelo seu percurso. Melhor marcador do campeonato sul-americano de sub-15 disputado em 2011, e conquistado pelo Brasil, Thiago Rodrigues da Silva decidiu depois deixar o Vasco da Gama, alegando salários em atraso. Alguns meses depois assinou pelo Macaé, mas a disputa pelos seus direitos desportivos impediu que fosse utilizado. Só em fevereiro deste ano é que foi autorizado a jogar, e com a camisola do Atlético Paranaense, clube que garantiu o seu empréstimo. Apesar de ter estado mais de um ano sem jogar, o avançado ainda foi a tempo de marcar presença no Mundial, e logo a abrir marcou três golos. É a prova de que o talento que vai exibindo merece ser acompanhado com atenção. Com apenas 17 anos apresenta já uma capacidade física considerável, mas também eficácia na finalização, com a qualidade técnica exigível a qualquer avançado brasileiro.