Como sempre acontece em grandes competições internacionais, o fim do Euro-2004 assinalou um virar de página em relação a grandes nomes do futebol mundial. Começando em Portugal, o adeus à selecção de Rui Costa, o «até logo» de Figo e mesmo o eclipse de Fernando Couto, conjugados com a explosão simultânea de Deco, Cristiano Ronaldo e Ricardo Carvalho, significaram o corte do cordão umbilical com as gerações-Queirós e uma mudança profunda na ligação afectiva dos adeptos com a selecção, para o bem e para o mal. Nada será como antes, mas os últimos jogos provam que a vida continua, com ambições redobradas para 2006.
Mais dramático o fim da geração de ouro do futebol francês. Atrás do abandono de Zidane, o de outros nomes como Lizarazu, Thuram, Desailly e Wiltord, e os maus resultados na campanha de qualificação para o Mundial anunciam uma transição difícil para Raymond Domenech. Hamann Ziege (Alemanha), Nedved e Poborsky (Rep. Checa), Van der Sar, Stam, Frank de Boer, Overmars (Holanda) são outros grandes que não voltaremos a ver em acção em Europeus e Mundiais. Com pena, mas com a noção de que as leis da vida também se aplicam ao futebol.
No mesmo registo, o ano termina, também, com a despedida de Romário dos relvados, aos 39 anos, uma década depois do seu momento mais alto, no Mundial 1994. Pela memória, por todos os momentos que nos fizeram sonhar, todos eles merecem um respeitoso «obrigado» de todos os adeptos do futebol português. E aquele golaço de Rui Costa à Inglaterra bem pode ficar como símbolo da magia de que os grandes são capazes quando têm a lucidez necessária para sair em alta.